- A chegada da água ao concelho de Ourém
A história do abastecimento de água em Ourém não pode ser perspetivado de forma linear à globalidade do concelho, na medida em que este processo viria a desenrolar-se em ritmos diferentes nas várias localidades mediante o grau de carência de água, a configuração mais rural ou mais urbana e a dimensão mais ou menos populosa específica a cada povoação intervencionada.
1850 é a data eleita como ponto de partida para uma explanação mais esmiuçada do processo evolutivo do abastecimento de água no concelho de Ourém.
O sistema organizativo de “turnos de água” fixa o momento em que cada agricultor pode regar o seu campo e a quantidade de água que pode gastar em função do seu estatuto social e residência.
Nos finais do século XIX a Administração Local acatou a implantação do método de nomeação de “juízes”, “zeladores” também apelidados de “encarregados”, os quais ficariam responsáveis por uma localidade ou área específica com autoridade para aplicar coimas a quem transgredisse as normas estabelecidas quanto à distribuição de tempos de regadio.
Em 1883, perante o flagelo da cólera, o Governo Civil empenhado em tomar todas as devidas providências atentas à sua extinção implementou medidas concretas de higiene tais como regar as ruas, caiar prédios, em todas as povoações. Em 1892 a publicação do Regulamento dos Serviços Hidráulicos substitui os juízes e zeladores pelos Guarda-rios.
Em 1919 é aplicada a Lei da Água e ao longo dos anos vão-se construindo ou modernizando canais de regadio para fazer chegar a água das zonas com menos recursos.
Em 1935 o concelho ainda não dispunha de canalização de água ao domicílio. A povoação de Vila Nova de Ourém abastecia-se na fonte do Ribeirinho que em determinados períodos não tinha água suficiente para as necessidades.
O drama de um abastecimento a conta-gotas incitaria a Autarquia a dedicar-se com afinco à resolução do problema efetuando estudos hidro-geológicos, que permitiram a escolha da nascente da Caridade em 1939.
Em simultâneo a Câmara Municipal convidava as Juntas de Freguesia a participarem neste projeto que se pretendia generalizado ao concelho num futuro próximo.
Em 1943 com o intuito de responder minimamente às necessidades da população foram recuperadas várias fontes da vila.
A 28/05/1946 é oficialmente inaugurado o abastecimento de água à Vila Nova de Ourém. De seguida houve a necessidade de levar o abastecimento da captação da Caridade para Fátima, trabalhos que decorreram durante as décadas de 40 e 50.
Ao longo dos tempos a agricultura vem constituindo o principal sustento da população. Na década de 60 os movimentos migratórios acentuam-se e a atividade agrícola enfraquece gradualmente, ficando os equipamentos de regadio no esquecimento e bastantes poços ficam desativados.
Nas década de 70 e 80 os investimentos para abastecimento estendem-se a várias freguesias, algumas delas continuavam sem dispor de água canalizada mas ficavam com fontes e fontanários abastecidos por furos artesianos.
Em 1973 foi elaborado o Regulamento do Serviço de Abastecimento de Água ao Município.
A 05/07/1991 o município efetua um contrato com a EPAL para proporcionar um melhor abastecimento a Fátima.
Pelos censos de 1991 depreendemos que Alburitel, parte de Atouguia, Caxarias, uma pequena parcela de Fátima e da Freixianda, Olival, N.ª Sra da Misericórdias, Nª Sra da Piedade, Rio de Couros, Seiça e parte da Ribeira do Fárrio dispunham nessa data de água canalizada no alojamento.
1994 - Livro de registo de trabalhos nos contadores
O atendimento dos Utilizadores era efetuado num escritório, que se situava junto ao edifício da CMO, incorporado no reservatório.
1994 - Local de atendimento a Utilizadores
Em 1995 constata-se que 80,7% da população usufruía de água canalizada no domicílio, 11,9% continuava a recorrer à rede pública por fontanário e 7% não era servida pelo sistema municipal.
O controlo da quantidade de água nos reservatórios e a desinfeção da água com cloro e cal eram efetuados por funcionários manualmente.
A água distribuída era analisada pelo Delegado de Saúde.
Os leitores cobradores deslocavam-se pelo concelho, em motorizadas, para efetuarem as leituras, levarem as faturas e cobrarem os valores. Efetuavam o controlo de leituras e recebimentos manualmente.
Os canalizadores deslocavam-se em motorizadas, com o material dentro de baldes, ou então eram transportados dentro do balde da retroescavadora.
Os trabalhos eram registados manualmente, em livros, e não havia computadores. A faturação era efetuada pela empresa Mecaresopre.
- Contrato de concessão
Decorria o ano de 1996 quando a Câmara Municipal, após concurso público internacional, confiou à actual Be Water, S.A., anteriormente designada Compagnie Générale des Eaux Portugal, S.A. a responsabilidade de gerir o sistema de abastecimento de água do concelho de Ourém.
O contrato foi assinado em 28 de Junho de 1996, tendo-se dado início ao período de funcionamento normal em 1 de Novembro de 1996 e que corresponde contratualmente ao início do contrato de concessão.
De acordo com os dados recolhidos no processo de Concurso e na Câmara Municipal de Ourém a taxa de atendimento da população do Concelho de Ourém, em termos de abastecimento de água é de 94%.
- Transição
De Agosto, Setembro e Outubro de 1996 foi preparada uma loja com as infra-estruturas necessárias para que no dia 1 de Novembro de 1996, o público tivesse acesso a um serviço de atendimento moderno e eficaz.
Da relação de pessoal disponibilizado pela autarquia (37 elementos) não constavam funcionários com as características necessárias para a direção e o atendimento do público, pelo que a empresa deu início a um processo de seleção de novos colaboradores. A estrutura humana da Delegação de Ourém era composta por 40 elementos.
- Evolução
Para as instalações operacionais foi necessário alugar um armazém provisório. Em Dezembro de 1996 iniciaram-se as obras, na Caridade, para preparar o espaço numa zona operacional e concentrar ali a exploração.
Efetuou-se a aquisição de oito viaturas, para fazer face às necessidades imediatas de funcionamento do serviço.
Para permitir a constituição dos ficheiros de consumidores, foi contactada uma entidade externa que prestou o apoio necessário para que os dados disponíveis e relativos à Câmara Municipal de Ourém nos fossem facultados para integração no nosso sistema de gestão de consumidores.
Logo que se iniciou o período de funcionamento normal, tendo-se constatado que algumas captações não dispunham de totalizador, procedeu-se à correção e instalação progressivamente. Esta ação ficou completa antes do final de Novembro. Colocou-se também em prática o registo adequado desses valores.
Logo que teve início o período de funcionamento normal foi analisada a situação, tendo-se elaborado um plano de recuperação e de colocação em funcionamento das respetivas bombas, a análise das dosagens adequadas a cada sistema e a aquisição de Kits para controlo no local, duas vezes por dia, da concentração de cloro residual na rede e de pH. Os operadores foram sensibilizados para a absoluta necessidade de se proceder eficazmente ao respetivo tratamento, de forma a garantir a presença de cloro residual na rede como estipula a legislação em vigor.
Foram ainda realizadas 11 análises a reservatórios de modo a verificar a qualidade da água neles existente com vista ao estabelecimento de um plano de limpeza e lavagem interna dos mesmos.
No controlo operacional de funcionamento dos sistemas foram incluídas análises bidiárias de cloro residual e de pH, a todos os sistemas, e as respetivas ações corretivas, caso se verifiquem alterações aos parâmetros definidos.
Por se desconhecerem os volumes captados não foi possível determinar o rendimento da rede neste período. Apontou-se, no entanto, para uma estimativa inicial da ordem dos 65-70%.
Foram recuperados os sistemas de injeção de hipoclorito de sódio que não estavam a funcionar, instalados novos grupos nos locais onde não existiam, de forma a que todas as captações passassem a ficar dotadas desta infraestrutura básica.
Após levantamento de situações consideradas muito urgentes foram instaladas duas válvulas redutoras de pressão e adquiridas outras cinco para posterior instalação. Conseguiu-se, deste modo, evitar situações de roturas constantes nestas zonas.
Tendo sido detetados alguns sistemas de automatização que não estavam a funcionar, foram os mesmos estudados, adaptados e colocados em funcionamento.
Foram reparados alguns grupos eletromecânicos, que estavam em muito mau estado de conservação.
Logo de início e ao longo do tempo a empresa apetrechou-se de viaturas e máquinas, adaptando-se às diferentes vertentes das tarefas (equipa de avarias, equipa mecânica e equipa de contadores), as viaturas encontram-se equipadas com geradores elétricos, bancadas no seu interior e armários onde se colocam as ferramentas e as peças de substituição necessárias às intervenções a efetuar. Uma das viaturas foi concebida e equipada para a tarefa de deteção de fugas. A viatura encontra-se equipada com armários no seu interior e posto de trabalho com PC, logger’s, geofanos, GPS, detetores de metais e equipamentos HST.
- Melhoria continua
A grande transformação que decorreu de 1997 até à presente data deve-se à dedicação e trabalho de toda uma equipa que diariamente demonstrou estar à altura dos desafios que encontrou e que conseguiu superar com empenho e, criatividade e dedicação.
- Continuidade
Uma nova página na história da empresa virou quando em junho de 2013 a BEWG adquiriu à Veolia Eau a total da sua participação na Compagnie Générale des Eaux (Portugal) - Consultadoria e Engenharia, S.A.
Agora, somos a Be Water – Águas de Ourém. Mudamos de nome mas a empresa é a mesma, temos a mesma equipa e continuaremos a assumir os compromissos que temos para com os nossos clientes, parceiros e a população do concelho de Ourém.